Peguei numa Princesa, mas vim para casa sozinha..

Mais uma viagem interminável á unidade. Fui sozinha de manha. Assim que acordei só queria vê-las. Fiz o ritual do costume do avental e da desinfecção das mãos e quando chegueí vi que estavam a mexer na Inês, apressei o passo, queria ver de perto. Tinham acabado de lhe arranjar a encubadora. A enfermeira perguntou-me se lhe queria pegar!!!!!!
Pegar?!!!! Podia pegar na minha filha?!!!! Assim tão pequenina e tão frágil? Pensei que só lhe pudesse tocar através das aberturas da incubadora. E ela podia vir cá para fora? Não lhe ia acontecer nada de mal?!!!
A enfermeira acalmou-me. Disse que ela era mais forte do que o que parecia. E de qualquer forma o estar lá dentro naquela altura não significava que estava isolada. Era a sua caminha, com uma forma diferente.. ela estava a respirar sozinha e só tinha um tubinho apontado para o narizinho onde saía um pouco de oxigénio para ela não se cansar muito. De resto podia pegar nela desde que lhe continuasse a apontar o tal tubo ao nariz. E assim foi. A enfermeira enrolou a minha minuscula Inês num lençolinho de flanela, eu sentei-me numa cadeira encostada á incubadora e ela colocou-a no meu colo.Tinha todos os outros fios ligados, que lhe monitorizavam as pulsações, oxigenação, temperatura etc
Impressionante! mal lhe sentia o peso. Ela era tão mas tão pequenina. . Mas tinha a minha menina finalmente no colo.
Fiquei a admira-la. Era a MINHA FILHA! Era tão macia! Tentei dar-lhe um beijinho na sua carinha mas era tão pequenina. fazia-me lembrar um gatinho bébé.
Aqui neste video podem ver o tamanho das suas mãozinhas. Eram tão pequeninas:

A minha linda Beatriz continuava ligada ao ventilador, a recuperar do Pneumotórax e com aquela luz azul para a ictericia. Olhava para a sua encubadora de lado. O meu coração apertava. Será que algum dia poderia ter as Minhas Princesas no colo?

Nesse dia tive alta.
Tive de vir para casa e deixar as minhas meninas lá no Hospital.
Foi uma sensação das mais horriveis que senti. Tinha estado "acompanhada" durante 6 meses pelas minhas meninas. Sentia-as mexer dentro de mim. E agora estava em casa e elas não estavam comigo. É um elo que se quebra. Uma falta que faz. Uma sensação de solidão, vazio, tristeza, sei lá!
Ainda vim com os tiques que se ganham durante a gravidez. E dava por mim a fazer festas na barriga. Agora era uma barriga vazia!! Ás vezes até tinha a sensação que as sentia mexer...Impossivel, as minhas meninas já não estavam no quentinho. Estavam na sua casinha de cristal rodeadas de tubos e por um som horrivel de máquinas sempre a apitar e longe de mim... Nessa noite não dormi. Só chorei! Queria tanto que a manha chegasse. Queria tanto estar perto das minhas meninas..

Nasceram e agora?

Como levei epidural só me podia levantar 12h depois do parto. As outras mães tinham tido partos normais por isso levantaram-se antes. A noite toda foi um frenesim de enfermeiras a entrar e sair para nos dar medicação para as dores, bébés a chorar, bebés a mamar, maes a andar de um lado para o outro para deitar e levantar os seus bébés. Enfim.. eu só queria descansar, fechar os olhos e dormir para passarem rapido aquelas horas em que não podia levantar-me. Para que chegasse a altura que poderia ver as minhas filhas. Queria, precisava de vê-las!


Chegou-se a manha e eu já me podia levantar. Ajudaram-me a tomar um banho. Custou-me imenso. A minha cicatriz foi feita ao alto, da púbis até ao umbigo, por já ter nesse sitio uma anterior de uma operação, por isso era bastante dolorosa. Mas o facto de ser assim facilitou o nascimento das minhas frageis bébés, se fosse uma cicatriz em baixo na horizontal na pubis como costuma ser, era mais dificil para os médicos as retirarem.


A seguir ao banho veio uma enfermeira dizer que quando as quisesse ir ver já podia, era só chamar alguém para me levar numa cadeira de rodas.

Tive receio! Quis esperar pelo C. Estava com medo da minha reacção e queria que ele as visse comigo.

O C. chegou ao meio dia. Vinha de muletas. Coitado tinha sido operado a um pé 3 dias antes.

Assim que ele chegou pedi-lhe logo no meio de um abraço cheio de lágrimas para irmos ver as nossas meninas.

Lá fomos nós. Ele de muletas e eu de cadeira de rodas. Aqueles corredores pareciam não ter fim. O meu coração batia muito forte dentro do peito. Era muita emoção e ansiedade junta. Finalmente eu ia ver as minhas filhas.

Chegámos á porta da Unidade e tivemos de esperar para nos darem permissão para entrar. Depois de entrar ainda tinhamos um longo corredor até chegar á sala dos Cuidados Intensivos. A seguir tinhamos de vestir uma bata e lavar muito bem as mãos e depois ainda desinfecta-las com um liquido azul que até hoje guardo o cheiro na memória. Estava a metros delas... Que ansiedade..

Indicaram-nos as incubadoras. Estavam cobertas por umas mantinhas.




E apresentaram-me a primeira.: A minha Beatriz:









Que choque!!!

A minha menina era minuscula!!!! Estava ligada a um ventilador para respirar, via-se o peitinho a encher e esvaziar mecanicamente. Tinha a carinha com uns "Óculos" de papel por causa da luz para a ectericia e tinha um cateter no peito a drenar um pulmão porque tinha sofrido um pneumotorax durante a noite. Tinha não sei quantos fios ligados a um monitor e um ligado á veia do umbigo. (Nos primeiros dias para não colocarem um cateter é por ai que alimentam e medicam os prematuros, pela veia do umbigo) e tirando aquele movimento da respiração não se mexia.

Chorei muito. Agarrei-me ao C. com um sentimento de desespero. Não tinha esperança que ela sobrevivesse. Era tão pequenina! Estava tão maltratada a minha menina. Via-se sangue a sair daquele dreno no peito. Via-se aquelas costelinhas todas a mexer quando o ventilador lhe enchia o peitinho de ar. A maquina apitava constantemente. E o ventilador era enorme. Via-o encher e esvaziar como só tinha visto nos filmes.Minha rica filha!

Uma médica de serviço viu-me e veio ter comigo. Tentou acalmar-se. Disse-me que o pneumotorax era uma situação "comum" em prematuros tão pequeninos. Que ela estava a reagir bem ao tratamento e que estava estável. Que tinhamos de esperar e ter esperança.

A seguir disse-me para ir conhecer a outra..


Descobriu a segunda incubadora.



Arrepiei-me quando olhei lá para dentro! A minha segunda filha era quase metade da primeira. Meu Deus tão pequenina e tão frágil. Nada nos prepara para uma imagem daquelas. Por mais imagens e videos que tivesse visto na internet, ver assim á minha frente a MINHA filha daquele tamanho foi uma sensação indescritivel. Um misto de medo, dor, espanto mas também de alegria.

A Médica disse-me que a Inês estava muito bem, dentro do possivel. Estava a guentar-se a respirar sozinha e os níveis de oxigenio estavam estaveis. Como tinham sido muito manipulada depois do parto estava muito cansada e por isso não convinha tocar-lhe já. Deviamos ficar só a olhar e deixa-la dormir. Mas mais tarde poderia tocar-lhe atraves das janelas da incubadora e durante a manipulação*poderia vê-la melhor.

*Manipulação é o termo que dão a quando têm de lhes mexer para limpar as incubadoras, alimentar ou medicar. Tirando essas alturas deixa-se o bébé quietinho na sua "casinha de cristal" (nome atribuido por mim ás incubadoras) para poderem descansar e crescer. Os bébés só crescem durante o sono profundo.. (também aprendi lá..).

Mostraram-me a sala e explicaram-me as regras de funcionamento da Unidade.

As visitas dos pais eram permitidas até ás 20h. Os avós podiam ir ás quartas-feiras até ás 18h. O resto dos familiares e amigos não eram permitidos. Só podiam ver os bébés quando tivessem alta. (meu deus as minhas irmãs poderiam nem vir a conhecer as sobrinhas pensei eu..)Os pais tinham direito a uma senha de almoço e outra de jantar. Podia tirar leite na sala de amamentação e entregar a uma enfermeira para lhes dar quando pudessem comer.Acho que naquele momento me entrava tudo a 100 e saia a 200. Achava que não ia entrar ali muito mais vezes. Eu não ia ter a sorte de ver as minhas meninas sair dali com vida...

Subimos para o meu quarto, onde já estava a minha melhor amiga P. e as minhas irmãs. Vinha a chorar. Não conseguia parar as lágrimas de cair. Tinha um nó no peito. Nem a carinha delas tinha conseguido ver bem. A Beatriz estava naquele estado vegetativo. A minha minuscula Inês apesar de respirar sozinha era tão pequenina que no meio de tanto tubo também não tinha dado para ver bem o formato do seu rostinho. Vinha siderada!

Trouxeram-me flores, comida e mimos. Tentaram-me animar. -Elas vão crescer!, -Não estejas assim há tantos bébés com o peso delas que sobrevivem, -Vais ver que elas vão vencer esta dura batalha!

Ouvi muita coisa mas nada me animava. Queria poder acelerar o tempo até á altura em que algum desfecho se desse. Ou o fim ou a saida delas daquele sitio. depois tinha outras dúvidas e medos. A maior parte dos prematuros que sobrevive ás 28 semanas fica con sequelas permanentes. Cegueira, atrasos mentais, problemas de rins e intestinos etc e tal... Meu Deus tantos riscos!!!

Tinha a minha cabeça sempre a mil á hora. Muitos, imensos pensamentos a passar a uma velocidade estonteante. Duvidas, medos, incertezas. Desespero!

As visitas acabaram e mudaram-me de quarto. Desta vez um quarto com 3 camas. A minha era a do meio. De cada lado havia uma mãe com o seu filho. Imóvel ficava a olhar para a azáfama delas. Tira bébé, dá de mamar, põe a arrotar, embala põe a dormir, deitam-se, bébé acorda, muda fralda, embala, bébé chora, dá de mamar outra vez etc e tal. Eu não tinha nada para fazer. Só os meus pensamentos me ocupavam. A minha angustia. O meu medo. A minha tristeza.

Tentava não pensar nas minhas filhas. Não queria mais ir vê-las. Queria esquecer tudo. Voltar ao antigamente. Ao tempo que era só eu e o C. Tentava mentalizar-me de que eu e ele precisavamos de ter tempo para nós. Afinal queriamos começar uma vida a 2 antes de engravidar. Mas tinhamos planos para acontecer tudo com outro ritmo. Queria viajar com ele. Encontrar uma casa para nós e mobila-la. Jantar fora com ele, passear, namorar enfim construir uma relação com calma, E depois pensaria em ter filhos. Mais tarde. Pelo menos só daqui a 2 anos (tinha tido cesariana por isso só poderia engravidar passado esse tempo), com calma, com tudo planeado. Isto era eu a tentar ver algo de positivo no meio de tanta tristeza e de uma situação tão dolorosa pela qual estava a passar. Pensar nas minhas meninas naquele estado doia demais. Pensar que já as amava tanto sem sequer ter tocado nelas e saber de todos os riscos que corriam e que podia perde-las era insuportável.

Devo ter chorado tanto que chamaram um psicologo para falar comigo. No meio de choro disse-çhe que não queria mais ir vê-las! Ele perguntou-me porquê. Eu disse que não me queria afeiçoar a elas. Já doia tanto a ideia de as perder, imaginava como era então perde-las e conhecê-las, sentir a sua pele. sentir o seu cheiro. Estava num estado caotico. De tristeza profunda. O psicólogo não me deu muitas esperanças. e o que eu mais queria ouvir naquele momento é que estava enganada! Queria tanto que ele me dissesse que estava a ser irracional. Que não tivesse medo. Que elas iam sobreviver... Mas não. Ele racionalmente falou comigo e disse-me que de facto as chances de elas sobreviverem eram poucas. Que os meus medos tinham fundamentos. Mas que não deveria de abdicar do direito de ser mãe. Que devia aproveita-las enquanto elas estivessem cá. Vivas! Que devia deixar o meu instinto maternal sair e passar o maximo de tempo possivel com elas. Porque se mais tarde acontecesse alguma coisa ia ficar arrependida de não o ter feito. E lá fiquei eu na minha cama a chorar sem parar. A pensar em tudo o que ele me tinha dito. E cheguei á conclusão de que estava a ser muito egoista. Para me proteger estava a negar uma mãe ás minhas Princesas. Por mais duro que fosse aqueles frageis seres tinham de ter o maximo de amor que eu lhes pudesse dar. Elas mereciam, as minhas minusculas meninas.
Depois de almoço desci e fui vê-las sozinha. Custava-me ainda muito andar e a Neonatologia ficava ainda um pouco longe do quarto. Fui mais uma vez de coração nas mãos. Desta vez não tinha o C. ao meu lado... Senti-me um pouco perdida.
Fiz o ritual de entrada e lá fui eu rumo á 1º incubadora. A Beariz continuava imóvel, com o seu peitinho a encher e esvaziar e com o dreno no peito. Continuava com os óculos por isso não se via o rosto.
Passei para a encubadora da Inês. Sentei-me numa cadeira e fiquei a contempla-la. Agora com outros olhos. Olhos de quem quer absorver tudo. Guardar todas as imagens. Olhos de mãe, embora ainda não me sentisse como tal...Olhei para todos os pormenores daquele ser tão pequenino. Era tão perfeitinha. Tinha tudo no sitio certo. Umas mãozinhas com uns dedinhos minusculos, uns pezinhos com as unhas todas formadinhas. Umas orelhinhas muuuito pequeninas. Ainda não tinha sobrancelhas nem pestanas. Tinha uma pele muito fina e escura, onde se via todos os capilares. Tinha muitos fios ligados. E tinha muito cabelinho preto encaracolado. Achei que ela tinha um rosto que era uma mistura minha e do C. A boca era como a minha. pequena em forma de coração. Mas o formato da testa e zona dos olhos acho que era parecida com o C. Era muito magrinha. Notavam-se os ossinhos todos por baixo da fina pele.
Fiquei a olhar...












Nasceram!!!!

28 Semanas...



Dia 5 de Junho de 2008, Quarta-feira..


Levaram-me para o bloco de partos para me preparar. O bloco estava cheio nesse dia. Colocaram-me num cubiculo onde só cabia a marquesa e pouco mais. Puseram-me uma argalia e fiquei ligada ao CTG. O C. pode estar comigo durante as horas que lá estive. Estava cansada de tanta espera, tanta duvida, tanta ecografia, tanto sofrimento e angustia. Estava num estado em que só queria que aquilo tudo passasse. Estava exausta fisica e psicologicamente.

Por volta das 16h30 levaram-me para o bloco. O C. não pode entrar. Pude ver na sala imensa gente. Além da equipa da cesariana estava já a postos a equipa da UCNIP com 2 emcubadoras a postos..

Colocaram-me na marquesa e a assistente do anestesista procurava acalmar-me. O meu corpo tremia a um ritmo alucinante. Ela perguntou se era frio. Eu não sabia responder. Era um misto de frio e medo. Uma sensação horrivel. Não conseguia controlar os movimentos.

Aconselharam-me a ter anestesia geral. Disseram que devia ser mais fácil para mim lidar com aquela situação "delicada"...

Não quis! queria epidural! Queria vê-las nascer, mesmo que sem vida! Precisava de ver os seres que trazia dentro de mim virem ao mundo!

Deram-me a epidural e em poucos minutos começaram a abrir-me. Uma sensação muito estranha. sentia-os a cortarem-me a pele e mexerem dentro de mim mas sem dor.

Senti um dos sacos abrir e a água escorrer. A médica disse:- Aqui vem a primeira, é tão pequenina..

Ouvi um ruido tal e qual uma gatinho pequenino a miar, era a minha primeira filha a chorar!!! Mostraram-ma assim num segundo. Só vi um vulto de uma silhueta de um bébé muito pequenino e muito escuro. Ela chorava! quer dizer que estava VIVA!!!! Foi rodeda pela equipa da UCNIP que a envolveu numa toalhinha e ficaram todos de volta dela. Só via as mãos de todos a mexer, tudo num ritmo muito rapido.. As lágrimas de alegria, corriam-me pela cara enquanto estava deitada com a barriga aberta á espera que tirassem a segunda.


A minha Beatriz nasceu ás 16h53, com 1,054grs e 33 cms de comprimento!


A seguir a médica diz: -Agarrei a outra! Ok, esta é que é a mais pequena!!!!!! E senti puxarem-me dentro de mim.

E vi outro vulto como o anterior mas ainda mais pequenino. O som era igual ao da primeira mas ainda mais agudo e mais ritmado. A minha minuscula bébé também chorava!!!! Respirava! Estava VIVA!!!!!!



A minha Inês nasceu ás 16h55 com 660grs e 32cms de comprimento!!!!


Rapidamente a equipa rodeou também a Inês e levou-a na encubadora.

O meu corpo parou de tremer!!! Senti uma calma, uma serenidade como nunca tinha sentido.

Sentia ainda as lágrimas a cairem-me pela cara e sentia o coprpo a balançar dos medicos me coserem e limparem.

Fui para o recobro. Deixaram o C. entrar. Eu estava a tremer de frio apesar de ter um cobertor electrico a aquecer-me. Era da anestesia começar a passar.

Lá estavam outras mães que tinham acabado de dar á luz.Tinham os seus bébés do lado. Umas começavam a dar de mamar e outras aprendiam com enfermeiras que iam passando. Ouvia choros de bébés pequeninos. Aquele chorinho caracteristico dos recém nascidos. Um som que não tinha nada a ver com o que tinha ouvido sair das boquinhas das minhas.

Eu era a única que estava sozinha!



Comecei a sentir-me vazia... Não tinha as minhas bébés ao meu lado. Não sabia nada delas. Não tinha conseguido sequer ver os seus rostinhos. Não tinha sentido a sua pele, ouvido a sua respiração, sentido o seu calor. Não sabia se estavam bem se mal. Se estavam vivas ainda!



Subiram-me para a enfermaria. Uma sala com 8 camas. Oito mulheres que tinham acabado de dar á luz , onde sete tinham os seus filhos ao lado e eu era a única que estava sem a tipica caminha de acrilico ao lado da minha. Era só a minha cama!



Ás 20h entrou uma médica no quarto, trazia 2 fotocopias na mão. estendeu-mas e disse-me.


-Estas são as suas filhas! São pequeninas mas umas lutadoras. por enquanto estão bem e estáveis! e saiu com um sorriso na cara.

Eram 2 fotocopias a preto e branco das fotos dos rostos das minhas meninas!Olhei para aquelas fotocopias como se fossem a mais bela obra de arte que já tinha visto a minha vida inteira!

Eram os rostos dos seres que trazia dentro de mim. Que cresceram dentro de mim. Aquela junção de celulas minhas e do C. que se tinham transformado naquelas pessoas pequeninas!!

As minhas filhas!



Primeira gémea: B E A T R I Z




Segunda Gémea: I N Ê S



A minha Gravidez...

Como a história começou...


Sempre sonhei em ser mãe, mas um problema de saúde do foro auto-imune deixou-me muitas duvidas se algum dia conseguiria realizar esse sonho. Desde essa altura que não podia tomar a pilula e durante o meu relacionamento de 8 anos, (apesar de não tentar também nunca evitei) nunca aconteceu nada. A minha médica de familia disse-me que o mais provavel é que devido ao problema que tive o meu corpo devia rejeitar qualquer corpo estranho ao meu. ou seja... um filho!Entretanto separei-me e aí é que pensei que não conseguiria.A vida deu voltas, passaram 3 anos e conheci o C. Apaixonei-me completamente, como pensei que nunca voltaria a gostar de alguém. Ele falava-me de filhos. Em como um dia gostaria de vir a ser pai. E eu sentia-me angustiada. Afinal ñunca tinha feito exames para ter certezas. Como a relação continuou, decidi marcar uma consulta para saber de uma vez por todas se tinha possibilidades ou não. Afinal era injusto estar numa relação onde não tinha respostas para lhe dar. Se continuassemos juntos que ele soubesse com o que poderia contar. E assim em Novembrode 2007 liguei a marcar consulta que só tinha vaga em Janeiro de 2008...



Janeiro 2008


A menstruação estava atrasada 2 semanas. Mas como?!!! -Tenho um problema qualquer de saúde pensei eu! Mas quando nos falta a menstruação e se não usamos um metodo contraceptivo convém fazer um teste de gravidez, não é? Ok, lá comprei eu o teste e fiz em casa.POSITIVO?!!! Como?!!! Não! devia haver algum erro! Ha problemas hormonais que dão testes de gravidez positivos! Pois devia ser isso. Ainda bem que tinha marcado aquela consulta em Novembro para a minha médica.No dia 7 de janeiro lá fui eu.. Expliquei á médica e ela disse-me para fazer um exame de sangue.POSITIVO?!!! Não! Não podia ser! Só acreditava quando fizesse uma ecografia. podia acontecer tanta coisa.. Como a 1º ecografia só se faz pela caixa ás 12 semanas, marquei uma num particular. Estaria de 10 semanas e não aguentava esperar mais 2 para saber se tinha uma vida a crescer dentro de mim ou algum tumor estranho..E lá fui eu e o C. um bocado abananados. Eu não estava mesmo a acreditar no que me poderia estar a acontecer. era muita informação surpresa. Afinal eu tinha bebido tanto na passagem de ano, tinha feito solário, tinha fumado o meu maço de tabaco diariamente...e se de facto houvesse algum ser a crescer dentro de mim?!!! Meu deus coitadinho!!!!Entrámos no gabinete e preenchi a ficha com os dados do costume. Última mesntruação, etc e tal..Deitei-me na marquesa e a ecografia foi endovaginal dado as semanas que em principio teria.. Os meus olhos e os do C. estavam colados no ecran preto que estava ao lado da minha cabeça. Assim que o médico colocou a sonda...Foi esta imagem que vimos...






Fevereiro 2008


Depois de saber que tinha não 1 mas 2 seres a crescer dentro de mim comecei a tentar preparar-me para o que ai viria. Não conhecia ninguém que tivesse gémeos nem percebia muito do assunto por isso comecei a tentar obter informações através do método mais á mão...a internet. Cada vez que pesquisava, mais me assustava e mais tomava consciencia dos riscos que poderia vir a correr. Tomei conhecimento de que uma gravidez gemelar por si só é automaticamente considerada uma gravidez de risco. Depois ainda havia as percentagens relativamente ao tipo de gravidez gemelar. Se era uma gravidez de gemeos verdadeiros ou falsos. Eu ainda não tinha certezas de qual era a minha.Então há 3 tipos de gravidez gemelar:


-Monocorionica/monoamniotica: 1 placenta e um saco amniotico para ambos os bébés. Gemeos verdadeiros siameses.Ambos os bébés têm de ser do mesmo sexo. É a mais perigosa. Os fetos podem fundir-se, os cordões dos bébés podem enrolar-se etc e tal...É perigosa porque ha 2 bébés a crescerem completamente juntos. Risco de mortalidade perinatal enorme..


-Monocorionica/ Biamniotica : 1 placenta com 2 sacos amnioticos, um para cada bébé. Gemeos verdadeiros do mesmo sexo mas onde cada um tem a sua propria bolsa amniotica dentro da placenta. Menos perigosa porque não há o risco dos fetos se fundirem nem dos cordoes se enrolarem uma vez que cada bébé está protegido dentro da bolsa formada por uma fina membrana. Membrana essa que é dificil de detectar nas ecografias. O perigo reside em ambos os bébés partilharem uma só placenta. O prolema mais comum é o Sindroma de Transfusão Feto Fetal (STFF). Uma deficiencia vascular na placenta em que a circulação sanguinia se faz de um bébé para outro em vez de cada um ter a sua propria circulação. Risco de morte perinatal para ambos elevada.


-Bicorionica/Biamniotica: 2 placentas e 2 sacos. caso dos gemeos falsos que podem ser cada um do seu sexo, ou seja são 2 irmãos completamente distintos. Este tipo de gravidez será a mais comum e a menos "perigosa". Ambos os fetos são alimentados pela sua respectiva placenta e o problema será mais o de partilharem o mesmo espaço intra-uterino. O que faz com que uma gravidez gemelar nunca ou raramente chegue ás 40 semanas. Se ficamos enormes com 1 bébé, imaginem ter 2 até ás 40 semanas. Normalmente estas gravidezes terminam ás 36, 38 semanas no máximo.

Agora faltava saber qual era a minha...

Segundo Trimestre
12 Semanas...


A 15 de Fev 2008 fui fazer a ecografia das 12 semanas, no Hospital da Cruz Vermelha. O médico confirmou a gemelaridade e disse que seria uma gravidez do 2º tipo (monocorionica/biamniotica) ou seja (gemeos verdadeiros, 1 placenta, 2 sacos amnioticos) e disse-me que pelas medidas do osso do fémur deveriam ser 2 meninas..


Tinham 6,1 mm e 5,7 mm


Apresentavam uma descrepancia pequenina de tamanho..Sai de lá um pouco desiludida. A esperança de ter pelo menos gémeos falsos com melhores probabilidades de sucesso estava fora de questão. Mas pelo menos cada uma tinha a sua bolsa, já não corria o risco de ter bébés colados pela cabeça ou pelo peito como já se ouviu falar...Fui á medica de familia mostrar a eco e mandou-me logo começar a ser seguida no Hospital Amadora/Sintra pois como era uma gravidez de risco era lá que deveria começar a ir.


14 semanas...


Dia 29 de Fev de 2008, a primeira consulta no Hospital com uma médica especialista em gémeos. A médica ouviu os focos e estava tudo bem com as bébés, mas eu tinha uma infecção comum na gravidez: candidiase. Um remedio e talvez me passassem as dores que sentia no baixo ventre. Bastante incomodativas.




16 semanas...

Fui de urgência para o hospital com as calças bastante molhadas. Estaria a perder liquido amniotico?!! Fui a chorar o caminho todo. Fizeram-me uma eco e as meninas estavam bem. Continuavam a ter bastante liquido para "nadarem" no quentinho dentro da minha barriga. Eu é que em principio teria novamente candidiase o que provocou aquele liquido. A médica explicou-me que durante a gravidez seria uma infecção recorrente.Sentia-me sempre muito cansada. Estava desempregada por isso podia descansar, mas não achava nada normal tanto cansaço. Diziam-me que era normal para o estado em que estava mas era horrivel sentir aquela falta de energia.



18 Semanas...



26, Março de 2008, consulta no Hospital. 6horas á espera! Já não tinha posição para estar sentada. Doiam-me tanto as costas! A Médica mandou-me fazer analises ao sangue e á tiroide.Foi nesta semana que comecei a sentir as minhas meninas a mexer. Parecia que tinha 2 borboletas dentro da minha barriga :)Entretanto fiquei muito engripada. Foi dificil sem poder tomar nada. Doia-me o corpo todo, a cabeça, garganta etc.Quando tossia tinha medo que as minhas bébés saissem disparadas. Foi complicado.20 semanas..9 de Abril de 2008, Fiz a 2a ecografia (3º para mim:))Confirmado são mesmo 2 MENINAS! Voltou o meu receio da gravidez monocorionica/biamniotica.

Pesam: 351grs e 260grs


A médica alertou-me para a diferença de tamanhos. Ainda não era preocupante mas deveria fazer bastante repouso para ver se a mais pequena apanhava a maior. Comecei a preocupar-me mais ainda! Deixei de fumar o meu cigarro diário que até á data tinha permissão. Afinal tinha reduzido em 19... não foi fácil. Mas com a preocupação tão grande, depois não me custou assim tanto, abdicar completamente do tabaco. Foi a 1º vez que consegui deixar de fumar. Aqueles pequeninos seres mereciam toda a minha dedicação. Teria nova ecografia passadas 3 semanas para avaliar o peso delas.Os dias seguintes foram de repouso quase absoluto. Estava entediada.



22 Semanas..


Fui novamente ás urgências. Desta vez estava com muita febre e dores de dentes. Receitaram-me antibiotico. No dia a seguir comecei com vomitos e diarreia. Doia-me tanto o corpo que o C. nem festinhas me podia fazer. Nunca tinha sentido nada parecido. fui novamente parar ás urgências. 4h a soro para hidratar e uma medicação para a diarreia.Continuei com os sintomas mais 4 dias. Tive de ir novamente ás urgências e novamente levar soro. Desta vez 2 litros! Fizeram-me CTG e Eco e as meninas estavam bem. O meu pai tinha apanhado um virus e tinha-me pegado visto eu ainda morar com ele na altura. Foi muito, muito dificil.




23 Semanas...



Nova Ecografia. Sempre super ansiosa e receosa. Sempre sozinha naquela sala de espera longas horas naquelas cadeiras desconfortáveis..

Pesos: 586grs e 443grs


Continua uma mais pequenina do que a outra! Continuar de repouso e nova eco passados 15 dias.A médica mostrou-se preocupada. A diferença de pesos continua a aumentar mesmo depois do repouso.

Terceiro Trimestre
25 semanas..


16 de Maio de 2008, nova ecografia de controle..


Pesos: 848grs e 543grs


A descrepancia continua a aumentar. O repouso não está a resultar. A médica preocupa-se e avisa-me de que as coisas não estão a correr bem. Fala-me sobre o STFF (Sindroma de Transfusão Feto Fetal). Já tinha lido bastante sobre o assunto. Era um dos meus receios com este tipo de gravidez e o primeiro sintoma é exactamente a diferença de tamanho dos bébés. Mas tem outros sintomas. Bexiga vazia no feto mais pequeno, edema no maior, problemas cardiacos, pouco liquido amniotico na bolsa do feto menor e a mais no maior. Marca-me um ecocardiograma fetal para avaliar as condições cardiacas das bébés. Seria com um especialista no assunto. Mandou-me ir ter com ela ás urgências no dia 26 de Maio que ela estaria de banco para lhe mostrar o exame e começar a fazer injecções para a maturação dos pulmões das bébés. Maturação dos pulmões?!!Para quê?!!! Disse-me que caso o exame não corresse bem havia a possibilidade das minhas meninas terem de nascer antes do tempo... Meu Deus faltava tanto tempo ainda!!!Chorei muito quando saí da consulta. Estava sozinha porque como as consultas eram muito demoradas o C. não costumava ir comigo. Estava a sentir-me muito desamparada. Tive de me refazer para conseguir conduzir até a casa..Em casa fui direita á internet pesquisar. Vi videos de bébes com o peso das minhas dentro da barriga. Eram tão pequeninas ainda! Falei com mães de gémeos num forum que tinham passado por essa situação. Gravidez gemelar com STFF. Nenhuma delas tinha ambos os bébés, e as que tinham pelo menos 1 deles, tinham feito uma cirugia a laser que é feita até ás 23 semanas onde tentam dividir a placenta pra repor a circulção sanguinia. Mas todas tinham perdido pelo menos um dos bébés. O meu coração apertava com cada informação a mais...Andei de coração nas mãos e lá chegou o dia do exame..



26 semanas...



Dia 21 de Maio de 2008...ecocardiograma fetal!Correu muito mal! O relatório falava em problemas cardiacos graves em ambos os bébes. Palavras como "má função cardiaca" na maior e " miocardiopatia" na mais pequenina são as de que me recordo. Fui para casa com o relatório nas mãos e o coração também.A minha esperança começava a diminuir.. As minhas meninas estavam doentes! E ainda faltavam 5 dias para ir ter com a médica! Esses 5 dias foram passados com angustia, mas ao mesmo tempo para mim na altura significou esperança. Afinal se fosse assim tão grave o médico não me dizia para esperar esses dias, né? Enfim uma pessoa agarra-se a onde pode..



27 Semanas...


Segunda feira de manhã, dia 26 de Maio de 2008, lá estava eu maisuma vez sozinha para ir ver a médica. Tinha esperança que ela me dissesse que orelatório não era assim tão mau... Assim que a médica viu o exame mandou-me fazer uma ecografia.

Pesos: 600grs e 1000grs
A diferença aumentou!! Mandou uma enfermeira dar-me a 1a dose da injecção da maturação pulmonar dos bébés e disse para avisar a familia de que iriam fazer uma Cesariana assim que o bloco estivesse livre!!!CESARIANA?!!!!! Como?!!!! As minhas meninas eram minusculas!!!!! Esta noticia e já tinha uma enfermeira ao meu lado com um saco daqueles do lixo preto para por os meus pertences! Pedi para pelo menos me deixarem o telemóvel para poder avisar a familia.Liguei ao C. a chorar baba e ranho e á minha melhor amiga. Só balbuciava...-È hoje! Vão-me tirar as minhas bébés. É hoje!

Vestiram-me uma bata verde e disseram que tinha de ficar em jejum. Deitaram-me numa maca , colocaram-me um cateter para o soro e disseram para aguardar para subir para um quarto. Chorei tanto mas tanto. Eu podia sentir as minha meninas a mexer dentro da minha barriga. Conseguia perceber perfeitamente com a mão o volume da cabeça da mais pequenina ( chamei-lhe de Inês por ser o nome também mais pequeno, a maior chamá-mos de Beatriz nome escolhido pelo pai) e tinha a noção que eram demasiado pequeninas para sobreviver a um parto agora!Lá fui eu para o quarto á espera que alguém nos viesse "salvar"!Entretanto chegou o C. também meio atordoado, junto com as minhas irmãs e amiga P.


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Pedi por tudo á médica para me fazer uma última eco antes de me fazerem a cesariana. Queria ter mesmo a certeza se que o procedimento era o melhor para elas e para mim. Afinal eu sentia-as tão vivas dentro de mim. Não tinha dores, não tinha mau estar. Parecia estar tudo tão bem assim... Sabia pelo que tinha lido em sites, que cada a dia a mais dentro da barriga era mais uma pequena percentagem de esperança de sucesso..E assim foi! Fiz uma eco e a médica que a fez disse-me: -Tirando uma estar mais pequena do que a outra não vejo motivos para lhe fazerem a cesariana agora! Elas parecem estar bem!Têm liquido amniotico, bexigas cheias, muuuuuita vitalidade (tanta que era dificil a medica acompanha-las) e a nivel cardiaco também me parece estar tudo bem! BEM?!!!! Como?!!!! Então e o relatório cheio de problemas?!!! Já não percebia nada!A médica cancelou a cesariana.
Ficaria internada para monotorizar os focos das bébés e para ficar em repouso, e faria ecografias diariamente para controlar o peso e o bem estar das 2. Ao minimo sinal de sofrimento então fariam a cesariana.Explicaram-me que elas eram muito pequeninas e que me deveria preparar para o pior. Era muito dificil um bébé nascer com aquele peso e sobreviver, ou se sobrevivesse teria serias chances de vir com sequelas terriveis, a nivel fisico e mental.
Perguntaram-me se queria ir visitar a sala dos prematuros para me começar a habituar á imagem do que é ter um bébé assim.E eu claro quis ir.
Chocou-me!O mais pequenino que lá tinham, tinha 980 grs. Era um bébé tão pequenino, tão magrinho com uma pele tão fina que nem parecia um bébé! A minha mais pequenina ainda tinha menos peso do que aquele. A minha esperança foi-se ai...Comecei a mentalizar-me e a tentar de facto preparar-me para o pior.Eu não me podia ir abaixo novamente. Já tinha enfrentado uma depressão depois do problema da minha perna, morte da minha avó que me criou, e uma separação. E no ano anterior tinha perdido a minha mãe vitima de ataque cardiaco repentino. Estava nas minhas ultimas forças. Perder as minhas filhas era demasiada dor junta. Se não reunisse forças ia-me abaixo e desta vez não saberia se me levantaria.Tinha de me mentalizar rapidamente e ir buscar forças onde as tivesse. Tinha de ter consciencia de que o mais provavel é que apesar deste longo percurso ainda não era agora que iria ser mãe!As enfermeiras e pessoal auxiliar tratam as mulheres internadas em obstetricia por "mãe" e aquela denominação enervava-me. Eu estava a tentar mentalizar-me de que iria perder as minhas meninas. Não queria sequer ouvir aquela palavra.
Não tinha ainda casa propria com o C. Ainda estavamos nos preparativos. Afinal ainda faltavam 3 meses para supostamente elas nascerem.
Não tinha enxoval feito. Nunca quis comprar (também estava numa situação financeira muito má visto estar sem emprego), nem quis aceitar nada do que me ofereciam porque a gravidez tinha começado a correr mal desde cedo e não queria criar falsas espectativas. Ou seja estava sempre a tentar proteger-me. Criar uma barreira de protecção. Ter sempre em mente que não podia criar falsas espectativas.
Foram dias muito duros ali internada. A cabeça sempre a mil á hora com mil pensamentos sempre com o mesmo tema: as minhas meninas!


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Tive a cesariana marcada mais 2 vezes e mais 2 vezes adiada depois de junta médica.
Uma das vezes perguntaram-nos ( a mim e ao C.) literalmente o que queriamos fazer. Se avançar para o parto se esperar. O risco seria de se a mais pequenina falecesse dentro da barriga , a maior apesar de bem, como partilhava a mesma placenta falecer também. Era uma decisão muito grande em mãos para nós. Afinal não eramos medicos..
Resolvemos esperar até haver de facto uma situação concreta.
No dia 5 de Junho de 2008 pela manha fui fazer outra eco. o cordão da Inês (a mais pequenina) apresentava pouco fluxo, logo deveria estar em sofrimento. Era agora! Agora ia mesmo para cesariana.
Voltei aos telefonemas, voltei ao jejum e ao soro. Voltou o meu coração a acelerar...